quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

FALOU E DISSE



JEAN WYLLYS
jornalista, escritor, professor e ex-BBB


Você acha que o BBB é um programa feito para ser assistido por pessoas incultas?

Isso é uma bobagem sem tamanho dita por pessoas elitistas, classistas e, principalmente, ignorantes, pois, desconhecem os resultados de pesquisas de recepção do BBB, feitas em faculdades de comunicação, que traçam outro perfil das audiências do programa. Conheço gente ilustrada e viajada que assiste ao BBB e fala abertamente sobre isso, segura do que sabe e de seu lugar no mundo. O fato de eu ser jornalista premiado, com mestrado em Literatura pela UFBA, escritor e professor universitário não me impede de assistir ao BBB e admitir isso publicamente nem me impediu de me inscrever em uma de suas edições. É possível se extrair diversos e diferentes sentidos do BBB como de qualquer outro produto cultural.

Você acha que a notoriedade adquirida com o BBB pode ajudar em projetos profissionais que não necessariamente estejam ligados a carreira de ator/atriz?

A máquina publicitária que envolve o programa vende a idéia de que o BBB transforma positivamente a vida dos participantes na medida em que seria o passaporte para o estrelato, o glamour e as facilidades que cercam a vida daqueles que a imprensa passou a chamar de “celebridades”; e cria, nas audiências, a expectativa de que os participantes devem, terminada a edição, permanecer visíveis no entretenimento televisivo mesmo que eles não tenham talento nem formação para tanto ou mesmo que eles não queiram nem tenham isso como plano de vida.

Na sua opinião, qual é o diferencial que faz com que alguns sejam bem sucedidos na carreira artística e outros caiam no anonimato?

A Grazi, por exemplo. Ela poderia ser só mais uma capa de Playboy, mas, seu carisma e a conduta que exibiu na casa a transformaram numa estrela de telenovela. Grazi é a sucessora de Vera Fischer no quesito estrela que se sustenta em carisma, beleza e talento. Sabrina Satto também tem carisma, mas sua conduta a afastou do papel de Cinderela e da carreira de atriz. Alemão, mesmo não trabalhando antes como modelo, deve sua visibilidade e oportunidades na tevê aos atributos físicos e ao carisma. Em resumo, o BBB pode ajudar profissionalmente, mas, pode fechar portas para sempre, tudo depende do participante: sua história de vida, sua conduta na casa e sua conduta depois que terminar o programa.

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