Renato Russo mantém-se presente no imaginário coletivo com suas
músicas e homenagens na tevê, no teatro e no cinema
Passaram-se onze anos desde que o cantor e compositor Renato Russo morreu e, ainda hoje, sua presença está mais do que viva. Sua despedida do mundo dos vivos aos 36 anos de idade não calou sua voz. Ao contrário: suas músicas e letras nunca foram tão atuais. Um exemplo é o hino "Que País É Este?", composta nos anos 70, gravada nos 80, atuante na década de 90 e cada vez mais presente nos anos 2000. Assim como esta, dezenas de criações do finado vocalista da Legião Urbana continuam comovendo pessoas de todas as gerações. Por esse motivo – a não-perecível representatividade do artista junto ao público brasileiro -, Renato Russo não é esquecido e a mídia faz questão de trazer à tona a sua memória.
Com uma incrível semelhança física, o ator Bruce Gomlevsky decidiu que queria interpretar Renato Russo. A partir daí, juntamente com a dramaturga Daniela Pereira de Carvalho, iniciou uma pesquisa minuciosa: entrevistas com parentes e amigos e consultas a livros como "Renato Russo, um Trovador Solitário", do crítico de música e jornalista Arthur Dapieve. O resultado foi o monólogo "Renato Russo", em que Gomlevsky dá vida ao líder da Legião Urbana e passa duas horas em cena acompanhado apenas da banda Arte Profana. O espetáculo, que já teve algumas apresentações em Brasília, retorna à capital federal um ano depois em temporada que segue de 29 de fevereiro a 2 de março, na Sala Villa Lobos do Teatro Nacional. O preço, para variar, é bem salgado: R$ 80 (inteira), chegando a R$ 100 no sábado.
A peça começa na adolescência de Renato Russo em Brasília, época em que ele passou dois anos numa cadeira de rodas por causa de um mal ósseo chamado epifisiólise. O roteiro ainda passa pela banda Aborto Elétrico, pelo o sucesso da Legião Urbana, pelo nascimento do filho Giuliano e sua homossexualidade. Segundo Bruce, é um espetáculo fora dos padrões: é peça, show, tem projeções e banda ao vivo. "Eu procuro, com a maior humildade possível, me aproximar dele, mas sou só um ator, não um cantor", diz Gomlevsky, que, também já emprestou sua interpretação para o especial "Por Toda a Minha Vida", realizado pela Rede Globo em homenagem ao músico no ano passado.
Além do especial televisivo e do espetáculo teatral, três filmes relacionados a Renato Russo estão em pré-produção. "Religião Urbana", de Antonio Carlos da Fontoura, retrata a vida do artista no período dos 17 aos 23 anos. Já os roteiros de "Faroeste Caboclo", de Paulo Lins e direção de René Sampaio, e "Eduardo e Mônica", de Denise Bandeira, amiga de Russo, são inspirados nas letras das músicas homônimas. "Nós, da família, não esperávamos isso. Afinal, dizem que este é um país sem memória. Achávamos que, dois anos depois de morrer, ele já estaria esquecido. Mas parece que os fãs estão aumentando", diz Carmen Teresa Manfredini, irmã do cantor.